Se pensasse em você
como penso em minha vida
talvez não tivesse tempo
e nem tivesse saída.
Nunca seria o bastante
esses segundos que tenho,
mas não teria esse rosto
e nem traria esse cenho,
porque sempre tão distante
não deixo que morra nunca,
sua sombra alimento,
sua presença me trunca.
E me deixa entorpecido
saber que não virá mais
para levar esses cacos,
para mudar esses ais.
Só assim eu viveria,
saberia o que fazer:
se pensasse em minha vida
como penso em você.
LOPES, D. In. Fímbria, Pará de MinaS: VIRTUAL books, 2012, p. 25.