domingo, 10 de julho de 2011

O FANTASMA


Sou o sonho de tua esperança,
tua febre que nunca descansa,
o delírio que te há de matar!...

Álvares de Azevedo

RETRATO


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

MEMÓRIA


Amar o perdido
deixa confundido
este coração

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão

Carlos Drummond de Andrade